Acho que só, e somente só, a política pode nos proporcionar susto e desprezo através de cenas nunca antes imaginadas, alianças anteriormente tidas como absurdas e defesas fervorosas de “novos amigos”, que até recentemente eram adversários políticos. Enfatizo que apenas política nos proporciona isso porque mesmo no futebol, com seu mundo milionário, cheio de interesses, egos e estrelas, há limite, bom senso. Pouco, mas há. Mesmo quando as convicções e preferências são deixadas de lado por um jogador, por receber uma oferta tentadora ele parte para defender o time rival, está claro que aquilo é trabalho. Muitos nem comemoram um gol marcado contra o time que o revelou, ou onde estava até outro dia. E no caso dos jogadores de futebol é realmente trabalho. Eles vivem disso. Profissão: jogador.
O político está político, tem uma outra formação, veio de algum lugar. Apenas está ali, ocupa um cargo por determinado período, e depois é novamente submetido à aprovação popular que decide se ele merece permanecer ali, ou não. O problema é que eles não querer largar esse osso. Hoje todos restringem suas atuações, alianças, obras, atividades e discursos a algo que lhes fortaleça e garanta a permanência no poder. Não pensam simplesmente em trabalhar com respeito, empenho e dignidade defendendo os interesses dos que lhe colocaram no poder, o que com certeza lhes daria, por merecimento, a permanência no cargo. Eles passam quatro, ou oito anos, arquitetando como se reeleger, conquistar outro mandato, ficar mais forte para a disputa de novos cargos, crescer sempre. Todos com telhado de vidro são pouco incomodados pelos adversários, e mesmo quando são, é por interesse e conveniência. As defesas e discursos também têm segundas intenções. São raras as exceções a esta regra.
Em nome da permanência no poder abrem mão de seus ideais, da sua história, digo até de sua dignidade, e se submetem a qualquer coisa. Pode parecer contraditório, mas eles agem assim, mesmo que essas atitudes lhe custem a admiração ou credibilidade junto aos que lhes colocaram onde estão.
Trabalham tanto para construir uma imagem, surgem com a promessa de fazer diferente, e caem no comodismo, nas graças do poder.
O presidente Lula, fenômeno mundial de mídia, se encaixa bem neste perfil. O que é muito triste. Eleito depois de três tentativas, Lula foi visto como o trabalhador que merecia uma oportunidade. Batalhou para chegar à presidência, e em 2002, na quarta candidatura, elegeu-se. Eleito pelo cansaço, falta de esperança e crença do povo nos políticos, na política, o sindicalista nordestino que vinha de baixo era, talvez, a nossa última tentativa de ver dar certo. De ver algo diferente. A eleição foi uma atitude ousada. Sem os vícios, com um diferente ponto de vista, Lula foi eleito, fez história. É o brasileiro que mais vezes candidatou-se à presidência, cinco no total, perseverança? Acho que apenas pra chegar lá. De fato, o fruto de um grande trabalho. Mas, infelizmente não é um trabalho que converge dentro da expectativa dos que aprenderam a admirar sua história e luta. Alguém que se acreditava ter os mesmos ideais, valores acima de tudo. O que com certeza seria um suficiente ponto de partida para fazer história no mundo da política.
Mas, a história que Lula faz é outra. E hoje parei para escrever esse pequeno desabafo por ter visto, não pela primeira vez, uma cena que machuca, mas mostra muito bem como é este mundo, como ele dá voltas. Lula estava, num dos seus fervosos discursos no interior do Nordeste, vestido de vermelho, a cor do partido que ajudou a fundar (e afundar). O detalhe desta cena estava no fundo do palanque, sentado, de maneira discreta, com um sorriso simples de quem admirava e ouvia com atenção o discurso do presidente.
Era ninguém menos que o senador, e ex-presidente Fernando Collor de Melo. Ex-presidente cujo afastamento foi fortalecido pelos mesmos discursos inflamados e fervosos do então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que enchiam de esperança todo um país. E os 300 picaretas? Se multiplicaram, ganharam novos membros. Adversários em outros tempos, Lula e Collor são agora colegas de palanque, flagrados tranquilamente em abraços calorosos que damos apenas em grandes amigos. Apóiam-se. Talvez representem bem a decepção em tempos diferentes. Por isso digo que nem mesmo as trocas de time mais esdrúxulas feitas pelos jogadores de futebol são capazes de nos decepcionar e espantar tanto quanto as viradas do mundo político. Até porque, sei que tem jogador que jamais vestiria certas camisas, por maior que fosse a oferta. Você consegue imaginar o Rogério Ceni beijando o escudo do Corinthians? Zico com a camisa do Vasco? Que nada...coisa assim, só na política!
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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Um comentário:
Fala sérioooooooooooo...é vc???? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...tô me acabando de rir, vc é d+++++++++++++++++...sou sua fã.
Morro de saudadeeeeeeeeeee...+ é saudadezonaaaaaaaa mesmo...kkkkkkkkkkkkk
encontrei por acaso seu blog, adorei suas histórias. Nossaaaaaaaa inacreditável...sem palavras...te adoro pacasssss
bjocasssssssss, Soya
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