domingo, 14 de dezembro de 2008

Australia, o filme!

Logo que comecei este blog, coloquei o trailer do filme Austrália, e falei da expectativa gerada em torno da estréia deste longa, que tentou usar ao máximo os produtos nacionais, custou quase US$100 milhões e é a galinha dos ovos de ouro do departamento de turismo Australiano. Pois bem, assisti ao filme, que naturalmente estreou aqui antes da estréia mundial e vou falar o que achei.

O filme tem, em termos claros e sinceros, o objetivo de promover a Austrália como destino turístico, por suas encantadoras belezas naturais e hospitalidade e simplicidade de seu povo (boas, mas nem sombra das dos brasileiros). O turismo local tem enfrentado uma queda gradual e o filme anseia por retomar a curiosidade pelo país.
Dado o propósito, destaco que o cenário é belíssimo. Explora o outback australiano, o deserto que corta o país e é de fato muito lindo. O cenário do filme é basicamente Western Australia, o estado onde moro, mas ainda não tive a oportunidade de ver nada daquilo, esta é minha próxima meta antes de partir!
Excluindo as belezas naturais, o longa, dirigido pelo cineasta australiano Baz Luhrmann (Moulin Rouge e Romeu e Julieta), e estrelado pelos também Aussies Nicole Kidman (unha e carne de vocês) e Hugh Jackman (O sex simbol do momento, e que apresentará o Oscar 2009), é extremamente cansativo! Uma odisséia de quase 3 horas e que poderia tornar-se menos dolorosa se fosse reduzida.
A linha do filme é um caruru, ca-ru-ru, não canguru! Tem a história de amor entre o casal Jackman e Kidman, sendo que ele é australiano e ela é uma britânica recém chegada do reino. E o amor nasce durante uma odisséia em que eles cruzam o deserto da ozzland para vender os bois da rica britânica. E no desenrolar disso tudo são trazidos alguns importantes capítulos da história do país. Um deles é o racismo e o tratamento dado aos aborígenes, principalmente durante a segunda guerra, periodo em que se passa o filme.
Na questão aborigine, é trazido o que eles chamam aqui de "Stolen Generation" (Geração Roubada). Um período negro da história do país, e talvez o do qual eles mais se envergonhem. Quando as crianças mestiças, nascidas principalmente das relações entre mulheres aborígenes e whitefellas, os homens brancos, eram arrancadas das mães e levadas para uma espécie de catequização. O objetivo era afastá-las do convívio com a cultura aborígene e "socializá-las". ( * O novo primeiro-ministro do país pediu, no começo do ano, depois de mais de 40 anos, perdão e desculpas formais aos aborígenes por esse triste periodo. Depois explico melhor a questão aborigine aqui).
Voltemos ao filme. Para sensibilizar a platéia, Luhrmann traz a relação maternal entre Kidman e um garotinho aborigene, que é mestiço e enconde-se para não ser levado pra Ilha onde seria “socializado”.
A parte interessante no que diz respeito à Australia, além do lindo cenário, é o jeito de falar, o sotaque local enfatizado pelos que são daqui, as palavras que eles falam com a mesma frequencia com que um baiano fala seu Oxe. E que soa extremamente cliche para os australianos, mas para o resto do mundo cabe a firula.
O filme mistura uma série de histórias e se perde, apesar de elas estarem ligadas de alguma forma. No final meio que se reencontra, mas ai eu já estava no terceiro cochilo.
Assisti duas vezes em menos de uma semana. Eu sei, também me perguntei que pecado eu cometi para merecer isso. Mas, valeu como sonífero. A vantagem é que nas duas vezes estava com amigas australianas, que amaram. As duas acharam fantástica a odisséia, linda e tocante. E esse tem sido o feedback do publico, que se identifica e vê o seu país bem representado nas telas. Já a crítica, engrossa o meu coro!
Para mim a parte mais linda foi quando, no meio de um baile, com Nicole dançando, a bandinha que está tocando ao vivo lança um chorinho brasileiro. Foi quando acordei! Páro por aqui, já que o texto, assim como o filme, começa a servir de sonífero, para quem lê.

2 comentários:

Débora Rodrigues disse...

O texto ficou maravilhoso, com certeza bem melhor que o filme!!! Praticamente fui eu quem escreveu de tão bom que tá!!! hahahahaha....saudade de ler minhas próprias coisas!!!
Amo.

Débora Rodrigues disse...

Saudade de te ouvir na rádio...de rir ouvindo e imaginando sua cara, saudade de participar ao vivo tbm....hahhahah...saudade e saudade.