sexta-feira, 17 de julho de 2009

Os times brasileiros precisam ser mais argentinos!

Por mais estranho que soe a frase acima, é exatamente isso que vai permitir aos times brasileiros o sucesso nas finais disputadas contra os hermanos, principalmente na Libertadores, objeto de desejo de 10 entre 10 clubes nacionais. Os brazucas precisam aprender a lidar com os ânimos e brios dos argentinos, manter o equilíbrio, auto-confiança, raça, jogar com eficiência e objetividade. Caso contrário, continuaremos na freguesia dos Hermanos.

Os números oficiais provam um massacre dos argentinos quando enfrentam brasileiros nas finais de Libertadores. Em 50 edições do torneio, 12 finais foram Brasil x Argentina, e eles levaram a melhor 9 vezes, ganhamos apenas 3: Santos contra o Boca Juniors, em 63, Cruzeiro contra o River Plate, em 76, e São Paulo contra o Newell's Old Boys, em 92. Isso representa 75% de aproveitamento. Os argentinos no total têm 22 títulos, quase 50% de toda a Libertadores, contra 13 de times brasileiros.

Nos últimos 10 anos, 8 finais contaram com times brazucas, ganhamos apenas 3, sendo que duas foram disputadas entre brasileiros, ou seja, nem se quiséssemos a taça iria para outro lugar. O São Paulo derrotou o Atlético Paranaense em 2005 e foi derrotado pelo Internacional em 2006. Das 8 finais, 4 foram levadas por argentinos, sendo 3 pro famigerado Boca Juniors. Por sinal, o Boca deve sempre torcer para chegar à final com um time brasileiro. Dos 6 títulos do clube de Maradona e Riquelme, 4 são presente nosso. Apanharam Cruzeiro, Santos, Palmeiras e Grêmio. Apenas o Santos conseguiu levar a taça numa final contra o Boca. Também, não poderia ser diferente, considerando que time era “O Time”, de Pelé e companhia, em 63, e teve na final uma das melhores atuações da carreira do Rei.

Pois bem, já mostrei através dos números todos os argumentos que provam que time argentino não chega à final da Libertadores a passeio, nós sim. O que falta aos times daqui? Ser um pouco mais argentino. O povo argentino é extremamente auto-confiante, chega a ser abusado nesse aspecto, eles juram e acreditam piamente que são as melhores coisas do mundo, os melhores em tudo. E trazem isso pro futebol. Se acreditar é o primeiro passo, eles estão no caminho certo.

Essa pose dos hermanos permite que eles joguem “sabendo” que são os campeões, com atitude de campeão. São tranqüilos, catimbeiros, sabem como desestruturar qualquer brasileiro, irritar, mexer com os brios, são frios, raçudos, orgulhosos. A final de quarta-feira entre Cruzeiro e Estudiantes retrata muito bem isso. Eles, tranqüilos mesmo nos poucos minutos em que estiveram atrás no placar. O Cruzeiro, em casa e com a torcida cantando o tempo todo, nervoso, caindo na briga que eles tentavam arrumar a qualquer custo. Conseguiram o que buscavam. O Cruzeiro apagou, e não contou com a sorte (que está ao lado dos campeões). Ramires, craque do time, decisivo, normalmente tranqüilo, sumiu no jogo. Eu jurava que ele tinha saído de campo pra beber água e ficado no banco descansando. Não disse pra que veio. Os outros? Idem, tirando Kleber que lutou muito.

Então, seguindo os números, os times brasileiros precisam aprender a jogar como jogam os argentinos nas finais da Libertadores. Com garra, auto-confiança e postura de campeão. Mas, o recado é apenas pros clubes, porque nossa seleção canarinho coloca os hermanos no chinelo em qualquer estatística. Não tem catimba que mude isso. Mas os times daqui precisam melhorar, porque derrotar um argentino, não tem preço!

2 comentários:

PAULO GOMES disse...

Depois do que li, só posso dizer que:
"Os comentaristas esportivos de Salvador precisam ser mais Camila Cintra!"

Jéssica Senra disse...

Genial!